domingo, 10 de novembro de 2013


GRUPO ESCOLAR JOÃO BENETTI SOBRINHO- GRAMADO/ RS      (Parte 2)

A Escola ainda em funcionamento, porém com a designação Escola Estadual de Ensino Fundamental João Benetti Sobrinho, sempre esteve ativa durante todos esses anos. Muitas pessoas passaram por esta escola, inclusive familiares.
Para termos mais detalhes de como eram as aulas no período de 1954, realizamos uma entrevista com uma moradora da comunidade que estudou no Grupo Escolar no período de 1957 a 1959.
Entrevista com Suely Benetti, que estudou no Grupo Escolar ( 1957 a 1959)


Transcrição de algumas perguntas feitas durante a Entrevista.

Pergunta: A escola ficava longe de sua casa? Como era o trajeto até a escola?

Suely Benetti: " Sim, a escola ficava a mais ou menos 2 Km de casa, precisávamos ir à pé, pois não tinha condução e íamos em grupos, passando na casa de cada colega, pois todos se conheciam e íamos juntos, pois saíamos muito cedo de casa, mais ou menos 6h da manhã, para chegar na escola às 7h 30min.
As estradas eram de chão batido, mas nós costumávamos ir pelos atalhos, pois encurtava o caminho. Não tinha uniforme, por isso nós íamos de chinelinho e mesmo com chuva, não tínhamos roupa adequada, por isso muitas vezes chegávamos sujos e molhados na escola."

Pergunta: E como eram os professores e aprendizagem escolar?

Suely Benetti: "A escola era um lugar bom, todos queriam ir para a escola aprender a ler e a escrever. Porém muitos poucos conseguiam chegar até no último ano, pois na minha época era preciso ajudar os pais na roça. Então quando a gente aprendia o suficiente para se defender:" ler, escrever e calcular", já não precisava mais ir. Ficávamos em casa para trabalhar. Só os filhos dos mais bem de vida é que estudavam, pois tinham empregados na roça e a mão-de-obra dos filhos pequenos não era necessária.
Os professores eram severos, falavam uma vez só. Não tinha muito diálogo, pois eles só ensinavam e nós aprendíamos. Eles eram autoridade na comunidade, pois eles tinham o conhecimento e não nos cabia o direito de perguntar ou argumentar. A gente só obedecia."

Pergunta: Você lembra de momentos marcantes da época escolar?

Suely Benetti: "Eu só estudei até o 2º ano, depois tive que ajudar meus pais. Mas lembro que tínhamos que estudar e fazer uma prova de um livro inteiro, que eram os conteúdos da série. Quem passava ia para a série seguinte, se não, rodava e precisava repetir tudo de novo. Ás vezes a gente nem sabia porque estava repetindo, mas o professor dizia que precisava.......
Tive um professor que dava castigos para os alunos que não aprendiam: físicos e morais. A gente tinha mais medo do que respeito por ele.
Naquela época o estudo não era valorizado, o que contava era quanto se produzia na agricultura. Ninguém pedia até que série o filho tinha estudado, mas quanto o filho colhia de frutas ou arava durante o dia. A produção de mão de obra no trabalho era mais importante do que o conhecimento escolar. Graças a Deus isso hoje mudou."

Vista  Atual do Prédio  Escolar, construído em 1955. (parcial)

Grupo: Rosmarie, Máira, Rafael
Parte 2: Entrevista com Suely Benetti




13 comentários:

  1. Muito interessante! De fato isso também era comum aqui em Pelotas. As dificuldades eram grandes, penso que muitas vezes a escola não era interessante ao olhar dos alunos, pois era descontextualizada, se tinha medo dos professores. Hoje as dificuldades são diferentes e às vezes os alunos não valorizam tantos recursos que dispõem para aprender...

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  2. De fato a escola desta época não era atraente aos alunos, pois além de enfrentar muitas dificuldades para chegarem até a escola, não possuiam materiais didáticos, quando muito um lápis de escrever, uma borracha e um caderno, além da didática adotada pelo professor ser instrutiva e não formativa. O próprio papel do professor desta época inibia os alunos ao questionamento, reservando ao professor a função de transmissor e ao aluno o de receptor dos conteúdos.

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    1. A pessoa que escreveu este comentário deve se identificar, pois a participação na interação dos blogs, também, é avaliada.

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    2. Nesta escola, os professores, ainda trabalham com esta metodologia de transmissão de conhecimento?

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    3. Professora, fui eu.....Mas já estou arrumando!!!!

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    4. Muitos professores já passaram por esta escola, alguns trabalharam por anos, até se aposentarem, outros apenas meses ou ano letivo. O que percebe-se é que a escola é que seleciona os professores e não os professores que escolhem a escola! Explico a afirmação acima: a escola é de zona rural, com alunos que auxiliam seus pais na roça, que na maioria, nem computador tem em casa, pois na localidade não há acesso a internet. São pessoas simples, que valorizam a educação e a escola como meio social da comunidade. Por isso, alguns professores não se habituam a este processo educativo na zona rural, pois precisam estar atentos a um ensino contextualizado dentro da realidade escolar dos alunos, e ao mesmo tempo oportunizando novas aprendizagens do novo, do desconhecido e de novos recursos e tecnologias, amplificando o horizonte de vida dessas crianças e de suas famílias. Além de professor, tem que ter afeto e amor pela realidade da escola como um todo.

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  3. Esta escola foi marcada na vida de toda minha família - Avô - mãe - tias - primos....muitas gerações.

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    1. Que legal Máira! Quais foram os momentos que mais marcaram sua vida estudantil nesta escola?


      Os demais colegas que estudaram nessa escola também podem trazer sua participação respondendo o tópico.

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    2. Não sou de guardar muitas coisas, mas eu sempre adorei estudar, e ir para a escola. Adorava as aulas de matemática e nunca gostei muito de português. Fui alfabetizada com o método da cartilha. Não usava muitos recursos materiais.
      Adorava quando minha mãe dava aula nesta escola, eu me sentia protegida. Conhecia onde morava todos os colegas e a maioria era parente. Uma escola bem família.
      Como a educação não era voltada para a educação no campo, poucos colegas permaneceram morando no interior, muitos foram para o cidade. Uma pena. Mas cada um seguiu seu caminho.

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  4. É muito legal recordar que várias gerações de nossas famílias estudaram no mesmo colégio. No meu caso, além de estudar, muitos parentes lecionaram na escola onde estudei. Venho de uma família de muitos professores e é difícil encontrar alguém na cidade que não tenha estudado com algum deles!

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    1. Que legal Paulo!! Então, futuramente pretendes retornar a escola?

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  5. Mara, os comentários acima que estão como São Chico EGTA são meus, pois participei com comentários e só depois me dei conta que não estavam com minha identificação. Preciso alterá-los???
    Me avise se for necessário...pois os posteriores eu já modifiquei!!!!
    Aguardo

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  6. Penso, que estamos sempre mudando para algo melhor, nesta época era tudo muito difícil, a nossa realidade aqui no sul é diferente de alguns estados, sabemos que a dificuldade ainda existe em muitos lugares do nosso país.

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